Esta página exibe os dados de um Projeto de Extensão.
Índice:
Número de Registro: 57/2023
Título: Lê pra mim?
Programa de Extensão: (indefinido)
Resumo da Proposta: Como parte das ações do Núcleo de Estudos em ensino-aprendizagem de línguas (NEAL), o projeto "Lê pra mim?" tem como objetivo estimular o gosto pela leitura, de modo a promover a inserção dos estudantes da educação básica na Cultura Escrita. A partir da inserção de histórias de origem africana e indígena, visa também à valorização e respeito às diferenças e à promoção da educação antirracista. O projeto prevê ações nas escolas da educação básica do município de Lavras-MG.
Área Temática: Educação
Instituições Parceiras: Não definido
Número Estimado de Participantes: 100
Locais de Realização:
Ufla Ambiente Virtual Redes sociais Escolas de educação básica
Data de Início: 01/06/2023
Data de Término: 01/06/2025
Justificativa: Conforme estudos atuais, a leitura e a escrita são práticas sociais da linguagem e, por meio delas, são estabelecidas as relações que garantem a inserção dos sujeitos nas práticas de letramento da sociedade, na Cultura Escrita. Nesse sentido, os processos de ensino-aprendizagem em torno das práticas sociais de leitura e escrita têm se tornado uma discussão recorrente no âmbito da Educação Básica, sobretudo na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, principalmente nas pesquisas acadêmicas. Boa parte dessas discussões é motivada pelas dificuldades encontradas no desenvolvimento da competência leitora e escritora, que, muitas vezes, continuam no restante do percurso escolar dos/das estudantes. As próprias orientações curriculares, no tocante às expectativas de ensino-aprendizagem para a Educação Infantil e para os anos iniciais do Ensino Fundamental, indicam que se devem garantir, nas unidades escolares, situações promotoras de desenvolvimento da criança, possibilitando a elas a apropriação das diferentes linguagens e saberes que circulam em nossa sociedade. Há, em especial, uma orientação quanto à leitura, em que se espera que o/a docente seja um modelo de comportamento leitor para os/as estudantes e que sejam incluídas, na rotina escolar, momentos de contato com os diversos gêneros textuais, explorando seu caráter social, a fim de promover a inserção nas práticas de letramento. Em paralelo a essa discussão, a temática étnico-racial na esfera educacional tem-se demonstrado problemática. Sob a perspectiva do mito da democracia racial, questões como raça, racismo e preconceito foram deixadas à margem, sobretudo, na escola, onde sequer tais assuntos eram abordados. Nesse mesmo sentido, houve um silenciamento sobre aspectos da história e da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas, de modo a reproduzir representações estereotipadas dos negros e dos indígenas. Uma vez que a escola é um dos espaços principais de formação dos sujeitos, ela se tornou o principal alvo do Movimento Negro, que almejava que fosse incluída no Currículo Escolar a temática afro-brasileira. Depois de anos de luta, em 2003, foi publicada a Lei 10.639/2003 que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino, no ensino fundamental e médio, a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Tal lei foi alterada em 2008 pela Lei 11.645 , quando se tornou também obrigatória a abordagem da História e Cultura Indígena. Diante dessa mudança na legislação, surgiu a recomendação de uma educação voltada para o respeito às diferenças, o que promoveu em nível Federal, Estadual e Municipal a elaboração de materiais em prol de uma educação para a diversidade em todos os níveis da educação básica, inclusive na educação infantil. Dessa forma, colocamo-nos diante de duas demandas: a primeira diz respeito à necessidade de promover, no âmbito da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, ações que visem ao incentivo à leitura, bem como a inserção das crianças na Cultura Escrita; já a segunda diz respeito à abordagem da cultura afro-brasileira e indígena na educação básica, de modo a combater o racismo e a propiciar a realização de ações que respeitem a diversidade e promovam a equidade.
Caracterização dos Beneficiários: Discentes e docentes da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental de escolas públicas.
Objetivos: Promover ações de letramento de modo a inserir discentes da educação básica na Cultura Escrita, especial da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental; Promover uma educação antirracista; Estimular o gosto pela leitura; Promover ações de valorização e respeito às diferenças e à educação para as relações étnico-raciais; Inserir histórias de origem africana e indígena no cotidiano escolar
Metas: Promover ações de leitura em pelo menos uma escola pública, com discentes da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.
Fundamentação Teórica: Lerner (2002) aponta que, ao mesmo tempo em que possui uma atuação importante para a formação do indivíduo, a escola depara-se com vários desafios para a realização de ensino com qualidade e preparatório para o corpo discente. Trabalhar as dificuldades presentes no âmbito escolar não é nada fácil, principalmente quando falamos da questão da leitura e escrita, ou seja, da formação básica dos/das discentes. A autora, ainda, afirma que leitura e a escrita são de suma importância para o cidadão ser agente e pensante da sua própria história. A prioridade é que a escola forme pessoas que compreendam, critiquem e transformem a partir das práticas de leitura e escrita. Ensinar a ler e escrever vai além da alfabetização, o maior desafio da escola é incorporar rigorosamente os e as discentes na cultura do escrito para que tenhamos uma sociedade de leitores e escritores, que produzam seus próprios textos, o importante é fazer com que essa prática seja viva (LERNER, 2002). Por essa razão, esta proposta baseia-se na concepção de linguagem como processo interativo em que se reconhecem a interação comunicativa entre os interlocutores e a influência das questões sociais na constituição e veiculação da linguagem. Esse projeto tem como fundamento teórico-político a valorização do direito à participação tanto quanto os direitos de proteção e provisão, por meio da organização dos tempos e dos espaços educativos ancorados nas interações entre criança/criança e criança/adulto. Desse modo, reconhecemos a criança como sujeito em contínuo processo de desenvolvimento com seus pares. Tais proposições são motivadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil – DCNEI (BRASIL, 2010) e pela perspectiva sociointeracional de desenvolvimento proposta por Vygotsky (1984). Em relação ao conceito de letramento, é necessário, antes, retomarmos a perspectiva teórica que guia nossa reflexão. Nossa proposta afasta-se das visões que concebem a linguagem como expressão do pensamento, como manifestação individual e monológica, bem como daquelas que a consideram um mero instrumento de comunicação. Nossa concepção de linguagem, obtida a partir de uma perspectiva sociointeracionista, a define como forma de interação. O sistema da língua é utilizado pelos sujeitos como meio de ação sobre o outro, de modo a ser imprescindível a valorização da interação dos interlocutores. Vale ressaltar que os sujeitos estão inseridos em um contexto sócio-histórico e ideológico que influencia sobremaneira sua ação, não podendo ser dissociadas linguagem e sociedade. Logo, ao abordar a linguagem, a abordamos como prática social. Letramento, portanto, refere-se aos usos e papéis sociais da escrita e da leitura. Sobre as relações étnico-raciais, Munanga e Gomes (2006) abordam o termo raça como um conceito usado para justificar a dominação de alguns grupos sobre outros, com a alegação de serem raças inferiores biologicamente. Desse modo, socialmente as pessoas são categorizadas a partir de certas características. Os estudos científicos encarregaram-se de comprovar que inexistem raças do ponto de vista biológico, a história e as relações, porém, instituíram raça como um conceito construído socialmente que determina as divisões e desigualdades. Nesse sentido, Guimarães (2005) discute que tal conceito só faz sentido no âmbito ideológico, sendo que não corresponde a nenhuma realidade natural. Moore (2007), por sua vez, afirma que raça, especialmente no Brasil, está relacionada às características fenotípicas, ou seja, às peculiaridades físicas como: cor da pele, cabelo, traços físicos etc. O racismo constitui-se pela discriminação a partir de algum pressuposto de raça. Raça e racismo, portanto, estão veiculados às relações que são estabelecidas entre os que são considerados de uma ou outra raça no âmbito de uma categorização, em que uma se sobrepõe a outra social e ideologicamente: “O problema fundamental não está na raça, que é uma classificação pseudocientífica rejeitada pelos próprios cientistas da área biológica. O nó do problema está no racismo que hierarquiza, desumaniza e justifica a discriminação existente.” (MUNANGA, 2006, p. 54). A discussão na escola, portanto, em torno das relações étnico-raciais deve considerar as identidades situadas nas relações sócio-históricas. Não se trata de apenas introduzir conteúdos teóricos, mas de pautar, na educação básica, as interações promovidas no cotidiano escolar, de modo a promover as diferenças. Isso ocorre desde a visibilidade de personagens negras nos murais e histórias que circulam na escola até o resgate da ancestralidade e da história por meio da experiência das culturas que compõem a brasileira. Por essa razão, a inserção de práticas de leitura, que envolvam a cultura indígena e negra, pode contribuir para que as discussões sobre questões étnico-raciais sejam introduzidas e promovam relações de respeito à diversidade.
Metodologia: Partindo da premissa de que a Extensão Universitária faz parte do processo acadêmico, formando o tripé pesquisa, ensino e extensão, o projeto “Lê pra mim?” baseia-se numa metodologia participativa. Tomamos como base o quadro da pesquisa-ação, de modo a privilegiar a investigação-ação conforme o ciclo apresentado por Tripp (2005), a fim de estabelecer estratégias metodológicas para desenvolvimento de atividades de leitura. A metodologia pressupõe a articulação da pesquisa e das ações a serem realizadas o que demanda o estudo acerca dos conceitos teóricos sobre as práticas de leitura e de escrita, além da abordagem dos conceitos que envolvem as relações étnico-raciais na escola. Desse modo, o projeto prevê as seguintes ações:Estudo e pesquisa individuais e em grupo; Encontros de orientação; Pesquisa de livros e de histórias indígenas e africanas; Planejamento de atividades e Rodas e oficinas de leitura em escolas da educação básica e/ou centros de cultura.
Impactos na Formação Discente: O projeto vai ao encontro da proposta de curricularização da extensão, de modo a trazer para a formação docente inicial a integração à comunidade externa à universidade. Além disso, promove articulação com disciplinas obrigatórias e eletiva, de modo a inter-relacionar conteúdos teórico-práticos com o campo de atividade profissional.
Relação Ensino, Pesquisa e Extensão: O projeto baseia-se no tripé ensino-pesquisa-extensão, com base nas ações de pesquisa sobre as relações étnico-raciais, racismo, literaturas africanas, indígenas e afro-brasileiras, cultura escrita e letramento; nas ações de integração com a comunidade e na articulação com as disciplinas obrigatórias GDE194 Linguagem, leitura e produção textual e GDE172 Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa e a disciplina eletiva GDE187 Educação para as relações étnico-raciais.
Relação com a Sociedade e Impacto Social: O projeto visa a realização de ações que combatam o racismo estrutural enraizado em nossa sociedade e promovam uma educação para as relações étnico-raciais e antirracista.
Resultados Esperados: Melhor formação de discentes do curso de pedagogia e demais licenciaturas. Maior conhecimento das literaturas africanas, afro-brasileiras e indígenas de discentes e docentes da educação básica.
Indicadores de Acompanhamento e Avaliação: Relatórios parciais e finais acerca das ações desenvolvidas.
Cronograma:
Fundamentação teórica: junho/2023 a agosto/2023. Pesquisa de livros, de histórias infantis: setembro/2023 a outubro/2023. Definição de escolas atendidas; planejamento das rodas de leitura: outubro/2023. Execução do projeto: novembro/2023 a dezembro/2023. Avaliação, replanejamento e organização do cronograma para 2024.
Descrição Resumida: Como parte das ações do Núcleo de Estudos em ensino-aprendizagem de línguas (NEAL), o projeto "Lê pra mim?" tem como objetivo estimular o gosto pela leitura, de modo a promover a inserção dos estudantes da educação básica na Cultura Escrita. A partir da inserção de histórias de origem africana e indígena, visa também à valorização e respeito às diferenças e à promoção da educação antirracista. O projeto prevê ações nas escolas da educação básica do município de Lavras-MG.
Equipe:
Alunos de Graduação:
Nenhum
Docentes:
Técnicos Administrativos:
Alunos de Pós-Graduação:
Outros Usuários:
Renovações de Projetos:
Coordenador do Projeto: LUCIANA SOARES DA SILVA
Setor: DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
E-mail Institucional: luciana.silvaufla.br
E-mail Alternativo: lusoares29gmail.com
Situação de Aprovação: Registrado
Submetido pelo Coordenador do Projeto em: 19/05/2023 - 01:29:08
Aprovado pelo Conselho Departamental (Lavras) ou pelo Colegiado de Extensão (Paraíso) em: 19/05/2023 - 17:22:36
Aprovado pelo Colegiado de Extensão (Lavras) ou pelo Diretor da UA (Paraíso) em: Nenhuma
Histórico de Coordenação:
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Universidade Federal de Lavras - UFLA
SIG-UFLA - Versão 1.89.6
Créditos