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Índice:
Número de Registro: 126/2025
Título: Fortalecimento do associativismo no campo das vertentes: INCUBACOOP em ação
Programa de Extensão: (indefinido)
Resumo da Proposta: O presente projeto de extensão, vinculado à entidade Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (INCUBACOOP - UFLA), visa diagnorticar, assessorar e promover o fortalecimento do associativismo e do cooperativismo entre as organizações em sua maioria de cafeicultores de nove Municípios localizados no território do Campo das Vertentes. Por meio de práticas participativas, métodos de incubação e atividades interdisciplinares pretendemos contribuir para a solução dos desafios cotidianos e o amadurecimento das vinte organizações envolvidas no projeto, possibilitando um incremento no trabalho digno.
Área Temática: Trabalho
Instituições Parceiras: Fundação Hanns R. Neumann Stiftung do Brasil; 20 associações e cooperativas de trabalhadores e trabalhadoras do campo das vertentes.
Número Estimado de Participantes: 670
Locais de Realização: As ações desenvolvidas pelo projeto partirão de Lavras-MG, utilizando a estrutura do Departamento de Administração Pública e se destinarão a atender comunidades espalhadas por outros nove Municípios mineiros: São Francisco de Paula, Camacho, Oliveira, Perdões, Santo Antônio do Amparo, Candeias, Bom Sucesso, Ibituruna e Campo Belo.
Data de Início: 19/09/2025
Data de Término: 19/01/2027
Justificativa: O fomento do associativismo e do cooperativismo estão na missão primeira da INCUBACOOP-UFLA. A parceria entre a referida entidade de extensão e a Fundação Neumann, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fortalecem esses valores/missões promovendo a emancipação das comunidades e coletivos atingidos por meio de uma produção mais sustentável e um trabalho mais digno para todos os cafeicultores envolvidos. Além disso, as ações de assessoria, capacitação e formação para tal fortalecimento da cafeicultura popular no território do campo das vertentes, se alinha sobremaneira a visão institucional maior da Universidade Federal de Lavras, seja na perspectiva do perfil agrário, seja no engajamento por um desenvolvimento sustentável. Por fim, o trabalho de incubação e pós-incubação, desenvolvidos há 20 anos pela INCUBACOOP-UFLA, necessita ser contínuo, perene, como é o caso do presente projeto, que visa dar continuidade a projetos anteriores desenvolvidos com 13 das atuais 20 associações/cooperativas envolvidas no projeto. Essa expansão é fruto do importante trabalho desenvolvido ao longo dos projetos vinculados à entidade.
Caracterização dos Beneficiários: Principalmente Cafeicultores e cafeicultoras, mas também produtores rurais diversos (leite, milho, agroindústria), associados e cooperados nas seguintes entidades: São Francisco de Paula (ACAFALA; SPECIAL COFFEE: agora Terrain Coffee); Camacho (ACBMC; ASCAFEC); Oliveira (ASCOFFEE); Perdões (Serra do peão; AMAGRI; AFAMOCER; ABAPRE); Santo Antônio do Amparo (ASCOFAG; AFASA); Candeias (Arábicas - Iluminarte; Pimentas - ASCOPI; Vieiras - ASCOV); Bom Sucesso (ASCONSAB; ASCON; Coletivo Mulheres da Agricultura de Bom Sucesso); e Ibituruna (ISCA); Campo Belo (CooperDias; e Associação de cultura e artesanato de Campo Belo - ACMABE). Os beneficiários das associações possuem em torno de 30 associados. A sua composição se dá em pequenos produtores, cuja produção varia entre 1 a 100 hectares, a depender do perfil da associação. Sob esse viés, cabe salientar que há variação no concernente à produção, ao passo que a composição se dá, majoritariamente por pequenos produtores de café, mas também abarca, em algumas associações, a produção de outros gêneros alimentícios, como frutas, legumes, hortaliças e leite. De outro modo, uma das associações possui o objetivo principal de distribuição de água à sua comunidade, enquanto outra também possui entre seus membros artesãos.
Objetivos:
Diagnosticar e estudar o histórico das associações de cafeicultores vinculadas ao trabalho da Fundação HANNS R. NEUMANN STIFTUNG DO BRASIL. Classificar as associações atendidas em estágios de amadurecimento para permitir a elaboração de planos de trabalho específicos para cada uma, alinhados ao seu nível de desenvolvimento e evitando a repetição de esforços desnecessários. Levantar informações adicionais e demandas das associações e apresentar respostas técnicas fundamentadas cientificamente e realizar visitas técnicas de assessoria e treinamento das associações. Realizar, conforme demanda, treinamentos com as associações de produtores apoiadas e/ou com a comunidade local, com o objetivo de promover a participação de jovens, e mulheres nas associações.
Metas: Mapear e diagnosticar as 20 organizações rurais atuantes na região, produzindo um relatório inicial. Produzir um plano de trabalho específico para cada uma das associações, levando em conta seu estágio de desenvolvimento. Assessoramento técnico, jurídico e administrativo. Realização de técnicas do Diagnósticos Rápidos Participativos Emancipadores.
Fundamentação Teórica:
O fortalecimento do associativismo e do cooperativismo no meio rural constitui uma estratégia essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável, da inclusão social e da autonomia econômica das comunidades. Essas formas coletivas de organização se inserem em um movimento histórico de resistência e solidariedade, em que os trabalhadores buscam alternativas para superar a vulnerabilidade econômica e social, apoiados em princípios de autogestão, democracia e participação (Singer, 2002). Na perspectiva da Economia Solidária, o associativismo e o cooperativismo representam práticas de produção e gestão que visam conciliar eficiência com valores sociais e comunitários. Essas organizações também se inserem no campo do Terceiro Setor, entendido como o espaço constituído por associações, fundações e outras pessoas jurídicas de direito privado que, de maneira não estatal e sem fins lucrativos, atuam na promoção do interesse público e no fortalecimento da participação cidadã (Falconer, 1999). O ordenamento jurídico brasileiro dá suporte a essas práticas. A Constituição Federal de 1988 garante a liberdade de associação e reconhece a importância do associativismo e do cooperativismo (art. 174, §2º) na construção de uma sociedade livre, justa e fraterna. A Lei nº 5.764/1971 institui a Política Nacional de Cooperativismo. Além delas, a Lei 13.019/2014 também promove as parcerias da Administração Pública com diversas organizações da sociedade civil, inclusive cooperativas. No contexto universitário, o projeto vincula-se à missão da extensão universitária, compreendida como processo educativo, cultural e científico que articula ensino e pesquisa com as demandas sociais (FORPROEX, 2012). A interação entre universidade e sociedade possibilita tanto a construção de soluções concretas para problemas locais como a formação crítica e cidadã dos estudantes, que vivenciam práticas de assessoria e gestão em realidades diversas, estabelecendo um diálogo transformador, como preceituam as diretrizes nacionais para a extensão (Brasil, 2018). A metodologia proposta parte do Diagnóstico Rápido Participativo Emancipador (DRPE), sistematizado pelo professor José Roberto Pereira (UFLA), que amplia as ferramentas do diagnóstico participativo tradicional, buscando não apenas levantar informações, mas fomentar processos de emancipação social e política das comunidades envolvidas. Tal perspectiva dialoga diretamente com o pensamento de Paulo Freire (1987), para quem o conhecimento se constrói de forma coletiva, crítica e dialógica. O projeto, ao promover o fortalecimento de organizações do campo das Vertentes, também reforça a participação social como eixo estruturante do desenvolvimento rural. A participação de jovens, mulheres e lideranças locais na vida associativa amplia o controle social, fortalece a democracia e contribui para a criação de espaços de decisão mais horizontais e inclusivos. Nesse sentido, o impacto esperado transcende o fortalecimento técnico e organizacional das associações, alcançando dimensões mais amplas do desenvolvimento rural sustentável e todas as tensões e enigmas que esse termo carrega (Veiga, 2010). O cooperativismo e o associativismo, integrados ao campo do Terceiro Setor e às práticas de participação social, tornam-se instrumentos de transformação social, econômica e cultural, capazes de democratizar relações produtivas, ampliar direitos e consolidar territórios mais justos e solidários. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 dez. 1971. BRASIL. Lei 13.019, de 31 de Julho de 2014. Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, [...].Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1º ago. 2014. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n. 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira. FALCONER, A. P. A promessa do terceiro setor: um estudo sobre a construção do papel das organizações sem fins lucrativos e do seu campo de gestão. São Paulo: 1999. FORPROEX. Política Nacional de Extensão Universitária. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Manaus: FORPROEX, 2012. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. PEREIRA, J. R. Diagnóstico participativo: o método DRPE. Tubarão: Perito, 2017. SINGER, P. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002. VEIGA, J. E. da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010.
Metodologia:
O presente projeto adota como abordagem metodológica uma permanente construção participativa e dialogal dos saberes acadêmicos e populares, inspirado nas lições da práxis libertadora de Paulo Freire (1987). De maneira mais descritiva, o primeiro passo do projeto será realizar um diagnóstico da maturidade organizacional das organizações do campo envolvidas no projeto (associações, cooperativas e coletivos informais). Todas as associações de cafeicultores vinculadas ao trabalho, são também atendidas pela Fundação Hanns R. Neumann Stiftung do Brasil. São 20 associações, localizadas em 9 municípios, assim distribuídas: São Francisco de Paula (ACAFALA; Terrain Coffee); Camacho (ACBMC; ASCAFEC); Oliveira (ASCOFFEE); Perdões (Serra do peão; AMAGRI; AFAMOCER; ABAPRE); Santo Antônio do Amparo (ASCOFAG; AFASA); Candeias (Arábicas - Iluminarte; Pimentas - ASCOPI; Vieiras - ASCOV); Bom Sucesso (ASCONSAB; ASCON; Coletivo Mulheres da Agricultura de Bom Sucesso); e Ibituruna (ISCA); Campo Belo (CooperDias; e Associação de cultura e artesanato de Campo Belo - ACMABE). O referido diagnóstico será efetivado por meio de entrevistas com os dirigentes ou outras lideranças das organizações, bem como por meio de pesquisa documental. Para analisar o grau de amadurecimento de cada entidade, será desenvolvida uma matriz organizacional pelos extensionistas em parceria com a Fundação Neumann, visando captar as potencialidades e limitações de cada uma delas, em aspectos como estrutura organizacional, gerencial, social, dentre outras. A partir desse momento, o grupo partirá para uma compilação dos dados coletados e elaboração de planos de trabalhos específicos para cada organização, refletindo suas demandas e seus estágios de desenvolvimento. Com isso, a equipe de extensionistas, juntamente com os parceiros da Fundação Neumann, desenvolverão o assessoramento técnico-administrativo e jurídico para as peculiaridades das associações e demais coletivos atendidos, por meio de reuniões, treinamentos, consultas pontuais, ou outros instrumentos dialogais que se fizerem oportunos. Pretendemos ainda, após a compreensão do estágio de amadurecimento das entidades, desenvolver um Diagnóstico Rápido Participativo Emancipador (Pereira, 2017), com aquelas que apresentarem um nível maior de interesse, possibilitando uma ampliação das capacidades estratégicas das organizações envolvidas para de forma participativa identificar seus maiores desafios e encontrar coletivamente as ferramentas necessárias para solucioná-los e atingir seus anseios. Ao cabo, será confeccionado um relatório final, para subsidiar ações futuras e o contínuo fortalecimento do cooperativismo e do associativismo na região.
Impactos na Formação Discente: Fortalecer o cooperativismo e o associativismo no desenvolvimento rural por meio de práticas democráticas e dialogais impacta sobremaneira uma formação discente cidadã e consciente de seu lugar na sociedade. A extensão universitária cumpre seu papel ao aproximar Universidade e Sociedade e o projeto reafirma esse papel ao conectar os universitários da realidade do campo, aos desafios cotidianos da construção de um trabalho e renda dignos por meio de uma produção sustentável e autogestionada pelos trabalhadores e trabalhadoras das comunidades rurais do campo das vertentes. Vale mencionar que o desenvolvimento de assessoramento técnico-administrativo e jurídico exigem dos acadêmicos um olhar teórico-empírico para a resolução de problemas reais, tornando mais significativo a construção de conhecimentos.
Relação Ensino, Pesquisa e Extensão: Todas as fases do projeto entrelaçam a indissociabilidade dos pilares da educação superior. Por meio de formações internas (trilhas de formação) e treinamentos dos métodos a serem aplicados (como o DRPE) os estudantes resgatam conhecimentos desenvolvidos ao longo da graduação (economia solidária, gestão social, terceiro setor, cooperativismo e associativismo, desenvolvimento rural sustentável, dentre outros), preparando-os para irem a campo. Tanto o diagnóstico inicial (por meio da matriz organizacional) como o diagnóstico rápido participativo emancipador são métodos de pesquisa em ação, concretizando tanto a construção, como a difusão e reformulação dos saberes, tão caros à extensão.
Relação com a Sociedade e Impacto Social: A atuação em nove Municípios da região do campo das vertentes (Bom Sucesso, Camacho, Campo Belo, Candeias, Ibituruna, Oliveira, Perdões, Santo Antônio do Amparo e São Francisco de Paula), com 20 associações/coletivos diferentes, alguns fincados em comunidades rurais específicas, outros com perfil regional de seus membros, permitirá um mergulho profundo pela realidade do campo em Minas Gerais. As ações propostas permitirão um fortalecimento das organizações envolvidas, bem como um diálogo que retroalimente tanto os saberes populares como os saberes científicos, impactando a realidade das comunidades envolvidas, mas também a realidade dos estudantes extensionistas. O fortalecimento do associativismo e do cooperativismo na agricultura brasileira contribui para o trabalho e a produção de renda dos produtores rurais e da agricultura familiar, dando maiores condições de dignidade e de autonomia para suas famílias.
Resultados Esperados: Produzir um diagnóstico completo do amadurecimento organizacional das associações e demais coletivos parceiros. Aumento na participação efetiva dos membros nas decisões das associações. Ampliar o registro e a consolidação das informações e da rotina das associações. Atualizar e simplificar a documentação básica das associações (estatuto, regimento interno, planos de gestão/negócios). Fomento da construção de conselhos municipais de desenvolvimento rural sustentável.
Indicadores de Acompanhamento e Avaliação: Número de reuniões com a diretoria ou com os associados; quantidade de estatutos e regimentos internos analisados; índice de entidades regularizadas.
Cronograma: Meses 1 a 3 – Diagnóstico. Meses 3 a 6 – Relatório inicial, recomendações e plano de trabalho. Meses 7 a 12 – Acompanhamento, suporte e treinamento. Meses 13 e 14 – Técnicas do DRPE. Meses 15 e 16 – Diagnóstico e relatório final.
Descrição Resumida: O projeto de extensão “Fortalecimento do associativismo no campo das Vertentes: INCUBACOOP em ação” teve como objetivo diagnosticar, assessorar e fortalecer associações de cafeicultores da região, promovendo capacitações, formação cidadã e práticas de gestão democrática e sustentável. A ação integrou ensino, pesquisa e extensão, fomentando a participação social, a economia solidária e o desenvolvimento rural sustentável, com foco na inclusão de jovens e mulheres no processo associativo.
Equipe:
Alunos de Graduação:
Docentes:
Nenhum
Técnicos Administrativos:
Alunos de Pós-Graduação:
Outros Usuários:
Renovações de Projetos:
Coordenador do Projeto: GUILHERME SCODELER DE SOUZA BARREIRO
Setor: DEPARTAMENTO DE DIREITO
E-mail Institucional: guilhermebarreiroufla.br
E-mail Alternativo: guiscodhotmail.com
Situação de Aprovação: Registrado
Submetido pelo Coordenador do Projeto em: 17/09/2025 - 15:58:47
Aprovado pelo Conselho Departamental (Lavras) ou pelo Colegiado de Extensão (Paraíso) em: 22/09/2025 - 19:01:03
Aprovado pelo Colegiado de Extensão (Lavras) ou pelo Diretor da UA (Paraíso) em: Nenhuma
Histórico de Coordenação:
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Universidade Federal de Lavras - UFLA
SIG-UFLA - Versão 1.96.0
Créditos