SIG-TESTE

Número de Registro: 13/2024

Título: Educação Ambiental nas escolas: diálogos entre conhecimento popular local e científico

Programa de Extensão: (indefinido)

Resumo da Proposta: Este Projeto visa a elaboração e realização de uma proposta pedagógica de formação em Educação Ambiental (EA) em articulação entre universidade e comunidade escolar, a partir da produção de conhecimento sobre a realidade socioambiental local como ponto de partida e chegada de intervenções pedagógicas. Orienta-se metodologicamente pela Pesquisa-Ação-Participativa (PAP), modalidade de pesquisa qualitativa que articula os saberes sistematizados da equipe de pesquisa com o saber prático da comunidade escolar. A investigação-ação realizada por professores em formação, a partir de parceria já realizada com algumas escolas da cidade de Lavras, já foi iniciada por um grupo de professores em formação do Programa de Residência Pedagógica de Biologia – UFLA, mas poderá continuar, com o aprimoramento de enriquecimento de dados sobre a prática social, bem como a partir da produção de práticas pedagógicas que a tomem como ponto de partida e chegada. A coleta de dados ocorre por meio de um inventário socioambiental, com as técnicas de observação e de entrevistas com moradores, professoras e servidoras das escolas, bem como entidades representativas do entorno de cada Instituição). Os dados, sintetizados em tabelas, gráficos, mapas e cartas serão debatidos com a comunidade escolar, enriquecidos, e a partir da construção de práticas pedagógicas, chegarão às salas de aula, a partir da parceria com professores de Ciências e Biologia – a princípio – bem como, poderão ser organizados em Projetos mais amplos, a depender dos interesses das escolas.

Área Temática: Educação

Instituições Parceiras: EM José Luiz de Mesquita, EE Azarias Ribeiro, outras possíveis instituições interessadas

Número Estimado de Participantes: 150

Locais de Realização: UFLA, comunidades escolares da EM José Luiz de Mesquita, EE Azarias Ribeiro

Data de Início: 01/05/2024

Data de Término: 01/03/2026

Justificativa:

As recentes pesquisas na área de Educação Ambiental têm indicado a sua inserção frágil tanto na escola como na formação de professores, dada à falta de sistematização de seus conteúdos, às abordagens pontuais e fragmentadas, descoladas da realidade e à falta de rigor teórico-metodológico. Os problemas ambientais são, com frequência, abordados de forma naturalizada e os enfrentamentos propostos são de cunho individualista, a partir de abordagens conservacionistas e/ou pragmáticas, que velam as reais causas da degradação ambiental. Esta abordagem dificulta que a questão ambiental seja apreendida em suas múltiplas dimensões: articulada à questão social, econômica, política, etc. As dificuldades se dão nos diferentes níveis de ensino, desde a educação básica até a formação universitária, inclusive na formação de professoras e professores, sujeitos de grande importância para transformação deste cenário considerando-se que são centrais no processo formativo de outras inúmeras pessoas. Assim, compreendemos que seja de essencial relevância trabalharmos uma formação em EA em articulação entre Universidade - onde são formadas as professoras e professores - e comunidade escolar - onde atuam e formam crianças e jovens - a partir da produção de conhecimento sobre a realidade socioambiental local em sua constituição histórica, que servirá como ponto de partida e chegada de intervenções pedagógicas e artísticas.
Nesta abordagem os problemas ambientais deixam de ser compreendidos de forma naturalizada e sem sujeitos sociais, mas como produtos de determinada forma de organização social (MEYER, 1992), nas suas relações sociais, econômicas, políticas, etc. Além disso, estas questões socioambientais podem representar um importante eixo de articulação entre as disciplinas escolares e professoras, desde que estabelecimento de objetivos comuns, trabalho conjunto e diálogo.

Caracterização dos Beneficiários:

Ambas as escolas, gestões e professoras/es (de Ciências e Biologia) lá atuantes são parceiras antigas nossas, parceria estabelecida a partir dos Programas de Iniciação à Docência – PIBID e Residência Pedagógica – bem como, a partir dos Estágios Supervisionados da Licenciatura em Ciências Biológicas – UFLA.
A Escola Municipal Prof. José Luiz de Mesquita é nossa parceira desde 2022, quando iniciamos os trabalhos do Programa de Residência Pedagógica da Biologia. A escola encontra-se no bairro Cidade Nova, mas também serve às comunidade dos Bairros Judith Cândido, Vista do Lago, dos bairro identificados de forma mais geral como COHAB. Tal escola atende, portanto, público de crianças com vulnerabilidade social.
A Escola Estadual Prof. Azarias Ribeiro, no outro extremo da cidade, localiza-se no bairro Cruzeiro do Sul que possui grande diversidade de públicos em seu entorno, desde parcela abastada da população no seu entorno imediato, até população que vive vulnerabilidade social

Objetivos: Propomos neste projeto construir uma proposta de formação de escolares em educação ambiental a partir de uma pesquisa participativa e levantamento de questões socioambientais locais - do entorno das escolas - e a sua abordagem por meio de propostas pedagógicas. Assim, não se pretende chegar com uma proposta pronta para as escolas, mas trabalhar as questões que emergem da realidade em que estão imersos, avançando no diálogo entre questões socioambientais, científicas, culturais, históricas, etc. e fortalecendo tanto a formação de crianças e jovens, mas igualmente a formação de futuras e futuros docentes.

Metas:

Elaboração de pesquisas de campos, relatório, gráficos e mapas sobre as questões socioambientais locais emergentes.
Elaboração de propostas pedagógicas e materiais paradidáticos que tematizem a realidade socioambiental.
Realização de encontros, eventos, que busquem estreitar relações com Universidade, escola e comunidade e promover a mudança de pensamento e comportamental dos sujeitos envolvidos.

Fundamentação Teórica:

A EA Crítica propõe que os problemas sociais e ambientais sejam compreendidos em sua totalidade, em sua materialidade, ou seja, por meio dos múltiplos fatores que os compõem e suas relações (TOZONI-REIS, 2004). Assim, entende que enfrentar os problemas que vivenciamos numa perspectiva individual, por meio de mudanças de comportamento da população para hábitos “ecologicamente corretos”, não é suficiente. Estas orientações buscam apenas mitigar os sintomas aparentes de uma crise que é mais profunda, pois não questionam as origens, os padrões e valores propalados pela sociedade capitalista e acabam elas próprias por reproduzir, fortalecer e “perpetuar uma concepção de mundo baseada na sociedade mercantil” (JINKINGS, 2008, p. 12). A proposta da EA crítica é que antes de procurarmos sugerir a mudança da matriz energética que garante o funcionamento desse sistema de produção, possamos questionar: o que implica este processo de produção? Para que e como produzimos? A EA crítica alerta que não há possibilidade de evitar a exploração da natureza pelos homens, se tivermos a exploração dos homens pelos próprios homens como base de funcionamento da sociedade. Com estas preocupações, a EA crítica propõe um processo educativo contínuo, que instrumentaliza, teórica e praticamente, os sujeitos para compreender a realidade concreta, em sua construção histórica e dialética, para que possam ativa e conscientemente participar de sua transformação, em direção a um projeto de sociedade mais justo e sustentável.
Assim com a contribuição de MEYER (1991) buscaremos desenvolver uma proposta pedagógica inovadora e crítica em EA, a partir do que a autora denomina de “mapeamento ambiental” que pode nos ajudar a organizar um diagnóstico para compreender o ambiente em suas múltiplas dimensões e, a partir da relação prática e teoria, contribuir para elevar a percepção limitada de ambiente, bem como o teoricismo.
Saviani e Pedagogia Histórico-crítica são nossos sustentam nossos fundamentos pedagógicos um clássico da educação brasileira que contribui com a compreensão histórica da educação escolar, entendendo em primeiro lugar a centralidade da escola para os processos educativos, mas também serve de subsídio para organizarmos processos educativos críticos e democráticos, de forma a vincular o conhecimento da prática socioambiental na qual vamos nos debruçar sem perder de vista a sua necessária relação com os conteúdos científicos curriculares.
Nossos referenciais teóricos nos respaldam, assim a desenvolver trabalho com a Educação Ambiental (EA) Crítica tanto junto à comunidade escolar como com os professores em formação.

Metodologia:

Afirmando a necessidade do compromisso do ensino, da pesquisa e da extensão com a vida em sociedade, assumimos compromisso com a construção e reconstrução mútua e contínua entre ciência, educação e prática social. Sob esta abordagem compreende-se que para captar a complexidade da realidade é importante proceder a análise das diversas questões que a compõem, e as relações entre elas, de modo a chegar ao concreto. “O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações e, por isso, é a unidade do diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, e não como ponto de partida...” (MARX, 2011, p. 15).
O trabalho será orientado pela Pesquisa-Ação-Participativa (PAP), modalidade de pesquisa qualitativa concebida em estreita associação com a ação e a cooperação (THIOLLENT, 2000). Articula-se o saber sistematizado dos pesquisadores acadêmicos com o saber mais prático dos pesquisadores iniciantes, para investigar e compreender a realidade socioambiental das escolas onde estão todos envolvidos. Toma-se como ponto de partida as questões reais identificadas pela investigação coletiva, para, após reflexão, romper com a separação entre
teoria e prática na produção de conhecimentos, fundamentando, assim, os processos educativos e a reflexão sobre as relações e atuações no ambiente (TOZONI-REIS, 2005). Trata-se de abordagem adequada às ciências sociais, sobretudo na América Latina, com viés emancipatório, e vai ao cerne dos nossos objetivos: além de pesquisar, o de participar, além de investigar, o de educar. Essa abordagem metodológica possibilita um maior envolvimento e responsabilização dos sujeitos com o projeto, possibilitando que se tornem protagonistas e não apenas observadores de sua própria história, o que fomenta condições para a continuidade dos processos investigativos e educativos, a sustentabilidade desejável em projetos como o que desenvolvemos aqui.
Temos já estabelecidas parceria com duas escolas locais, onde os processos já tiveram início, mas é possível que novas parcerias sejam estabelecidas durante o desenvolvimento do projeto. Futuras e futuros docentes se envolverão com cada etapa, do estudo sobre a pesquisa à definição dos caminhos de investigação no campo. Nossos instrumentos de coleta, a princípio: observação e entrevistas com estudantes, pais/ responsáveis, moradores, entidades representativas do bairro. O roteiro de entrevista aborda aspectos gerais sobre o ambiente do bairro, que vão da flora e fauna aos recursos hídricos, saneamento básico, saúde, trabalho, alimentação, costumes, crenças (MEYER, 1991).
A avaliação do projeto será realizada pelos pares, parceiros de trabalho em diferentes ocasiões, por diferentes métodos e de forma processual: nas reuniões de trabalho coletivo, de forma dialogada, a cada semestre, por meio de questionários com os participantes.

Impactos na Formação Discente: Espera-se que a participação e envolvimento com a comunidade, a pesquisa e a organização das informações socioambientais, a lida com a própria equipe, os processos decisórios e a construção e avaliação conjunta das intervenções pedagógicas e artísticas possibilitem níveis de compreensão mais amplos e profundos a todos os participantes na Universidade e na Escola, possibilitando que se qualifiquem como futuras/futuros docentes e cidadãos, possibilitando igualmente que se inscrevam na transformação da vida em sociedade, em direção a uma realidade mais justa e sustentável.

Relação Ensino, Pesquisa e Extensão:

Compreendemos a extensão como a comunicação entre indivíduos não passivos, onde ambos colaboram para a construção de um diálogo comunicativo, sendo assim uma via de trocas (Freire, 1996). O autor ainda nega a ideia de estender algo a outro, corroborando com a ideia de troca em detrimento de uma parte levar conhecimento a outra. Em consonância com essa ideia, o presente projeto busca estabelecer um diálogo entre Universidade, escola e comunidade, uma vez que a elaboração das atividades com a comunidade - extensão - será feita a partir de diálogos e coleta de dados com a comunidade escolar para compreender reais problemas e demandas e construídas coletivamente entre os membros presentes no projeto - pesquisa. Há ainda a possibilidade de desenvolvimento de pesquisa sobre os processos pedagógicos em educação ambiental e científica, a partir dos elementos nascidos da prática social. Além disso, o desenvolvimento do projeto contribuirá para a formação das e dos estudantes envolvidas do curso de Ciências Biológicas – Licenciatura, que atuam no ensino básico, se aproximando da realidade escolar, atuando mais especificamente no ensino - universidade e escola.
Em resumo, a comunidade será nossa referência para elaboração das propostas de extensão, o que evidencia o comprometimento social e a maneira dialética como o projeto está estruturado. O projeto ainda possibilitará a elaboração de trabalhos científicos que serão publicados em congressos e revistas acadêmicas contribuindo assim para a divulgação científica.

Relação com a Sociedade e Impacto Social: A proposta busca possibilitar oportunidades de formação e troca entre comunidade universitária (professores, estudantes) e comunidade escolar (gestão, professoras, escolares, familiares e população do entorno das escolas) de uma escola estadual e uma municipal da cidade de Lavras, a princípio, visando a formação científica e ambiental, bem como estreitamento vínculos entre os atores envolvidos

Resultados Esperados: Esperamos contribuir com a formação crítica dos sujeitos da comunidade escolar e futuras/os docentes para atuação em seu ambiente, a partir da identificação, organização e problematização das questões socioambientais da realidade em que estão imersos.

Indicadores de Acompanhamento e Avaliação:

No caso de conseguirmos duas (02) bolsas
Produto: PITCH Quantidade: 2
Especificação: 2 Trabalhos de Conclusão de Curso - Ciências Biológicas - Licenciatura

Produto: RELATÓRIOS TÉCNICOS Quantidade: 6
Especificação: Relatórios semestrais dos Bolsistas

Produto: PRODUÇÃO ARTÍSTICA Quantidade: 1
Especificação: Produção de esquete teatral

Produto: TRABALHOS COMPLETOS EM ANAIS DE CONGRESSOS Quantidade: 2
Especificação: Trabalhos publicados por Bolsistas

Produto: PROCESSOS/METODOLOGIAS/PROCEDIMENTOS Quantidade: 40
Especificação: Aulas/Intervenções Pedagógica na Escola

Produto: OUTROS Quantidade: 1
Especificação: Minicurso de Extensão

Cronograma:

Mês 1, 2, 3: Contato com a gestão das escolas, apresentação do projeto e definição dos parceiros. Agendamento de reunião com todos os parceiros
Mês 4, 5, 6: Construção da pesquisa e aproximação com as escolas e comunidades
Mês 7, 8, 9: Diagnóstico inicial a partir da realidade escolar e ambiente do entorno
Mês 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16: Preparação e planejamento dos processos educativos a partir dos dados coletados
17, 18, 19 : Realização, registro, avaliação dos processos educativos junto à comunidade escolar,
20, 21, 22: Compilação dos dados e análises com base nos referenciais teóricos, socialização e discussão com parceiros.
Reuniões e avaliações: durante todo o processo

Descrição Resumida: Este Projeto visa a elaboração e realização de uma proposta pedagógica de formação em Educação Ambiental (EA) em articulação entre universidade e comunidade escolar, a partir da produção de conhecimento sobre a realidade socioambiental local como ponto de partida e chegada de intervenções pedagógicas.

Equipe:

Alunos de Graduação:

Nenhum

Docentes:

Nenhum

Técnicos Administrativos:

Nenhum

Alunos de Pós-Graduação:

• TIAGO SERPA BARBOSA CHAVES - Tipo: Voluntário - Início: 22/03/2024 - Término: Não definido - Vínculo: Ativo
• LAURA SALVE SILVEIRA - Tipo: Voluntário - Início: 22/03/2024 - Término: Não definido - Vínculo: Ativo
• GABRIEL BATISTA AMARAL - Tipo: Bolsista - Bolsa Institucional - Início: 22/03/2024 - Término: Não definido - Vínculo: Ativo
• JOÃO PAULO RODRIGUES DA SILVA - Tipo: Bolsista - Bolsa Institucional - Início: 22/03/2024 - Término: Não definido - Vínculo: Ativo

Outros Usuários:

• Ricardo Campos Queixas - Início: 22/03/2024 - Término: Não definido - Vínculo: Ativo

Renovações de Projetos:

Coordenador do Projeto: MARINA BATTISTETTI FESTOZO

Setor: DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

E-mail Institucional: marina.festozoufla.br

E-mail Alternativo: mbfestozohotmail.com

Situação de Aprovação: Registrado

Submetido pelo Coordenador do Projeto em: 22/03/2024 - 19:31:59

Aprovado pelo Conselho Departamental (Lavras) ou pelo Colegiado de Extensão (Paraíso) em: 02/04/2024 - 17:11:37

Aprovado pelo Colegiado de Extensão (Lavras) ou pelo Diretor da UA (Paraíso) em: Nenhuma

Histórico de Coordenação:

• MARINA BATTISTETTI FESTOZO: De 22/03/2024 em diante.